O presente projeto tem como objetivo analisar os romances-folhetins publicados na imprensa carioca entre os anos de 1875 a 1895, principalmente em jornais como a Gazeta de Notícias (então o periódico de maior tiragem do Império), articulando seus temas e sentidos às outras colunas do jornal, tais como as que veiculavam notícias vindas do exterior. Coluna ainda pouco explorada pela historiografia, as correspondências internacionais pautavam e estabeleciam interlocução cotidiana entre jornais brasileiros e estrangeiros em temas caros àquele momento histórico, tais como raça, cidadania e democracia. A proposta é analisar os folhetins publicados na imprensa carioca, buscando observar como eles estavam interligados, de alguma maneira, aos debates políticos sobre questões como a ampliação da cidadania para homens, mulheres e ex-escravos. Partindo do pressuposto que grande parte desses folhetins publicados no Brasil vinha do estrangeiro, especialmente da França, Inglaterra e Estados Unidos, a ideia é cotejar e articular a análise desses romances com aquilo que estava saindo na imprensa internacional. Busca-se compreender a lógica da seleção desses folhetins feita pelos jornais brasileiros, atentando-se para as possíveis conexões políticas dessas escolhas com o que circulava nas outras colunas dos periódicos estudados. Ressalta-se que todo o projeto é pensado a partir do pressuposto da circulação transnacional de uma série de debates sobre cidadania, feitos em diferentes contextos sociais, ocorridos tanto na Europa quanto na América. Tema caro à intelectualidade do século XIX, a democratização da sociedade burguesa também foi assunto para a literatura e o objetivo do trabalho é mapear e analisar como essas “barricadas” políticas foram construídas nos rodapés dos jornais.